quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Simplicidade Zen


Ao ver cinco dos seus alunos voltando do mercado de bicicleta, o Mestre Zen decidiu testá-los:
– Por que vocês estão montando as suas bicicletas?
O primeiro estudante respondeu:
– A bicicleta é para levar este saco de batatas. Eu estou contente por não ter precisado carregá-lo em minhas costas!
O professor elogiou o estudante, dizendo:
– Você é um rapaz inteligente. Quando envelhecer, não vai andar curvado, como eu.
O segundo aluno respondeu:
– Adoro ver o campo e as árvores enquanto pedalo no caminho!
O professor elogiou o estudante:
– Significa que seus olhos estão abertos e você vê o mundo.
O terceiro aluno respondeu:
– Eu fico feliz ao montar minha bicicleta, e começo a cantar.
O professor deu louvor ao terceiro aluno, acrescentando:
– Sua mente vai funcionar com a facilidade de uma roda recém-montada.
O quarto estudante do quarto respondeu:
– Andando de bicicleta, eu me sinto em harmonia com todos os seres.
O professor ficou satisfeito e disse:
– Você está andando no caminho de ouro do não-prejudicar.
O quinto aluno respondeu:
– Eu ando de bicicleta para andar de bicicleta.
O professor sentou-se aos pés do quinto aluno e disse:
– Eu sou seu discípulo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Profundidade Zen


– Quais são os tipos de pessoas que necessitam de aperfeiçoamento pessoal? – perguntou o jovem aspirante ao mestre Zen.
– Pessoas como eu – respondeu o mestre.
O aspirante se surpreendeu:
– Um mestre como o senhor precisa de aperfeiçoamento?
– O aperfeiçoamento – explicou o sábio, – é simples como alimentar-se,  banhar-se ou vestir-se...
– Mas – replicou o praticante – fazemos isto todos os dias! Imaginava que o aperfeiçoamento significasse algo muito mais profundo para um mestre!
– O que achas que faço todos os dias? A cada dia, buscando o aperfeiçoamento, coloco atenção, cuidado e honestidade nas ações comuns do meu cotidiano. Nada é mais profundo do que isto.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Amor Atrai Amor

Tempos atrás, uma moça chinesa se casou e foi viver com o marido e a sogra.

Depois de alguns dias, passou a não se entender com a sogra. As personalidades delas eram muito diferentes e a jovem foi se irritando com os hábitos da mulher mais velha, que frequentemente a criticava.

Meses se passaram e as duas cada vez discutiam e brigavam mais. De acordo com a antiga tradição chinesa, a nora tinha que se curvar à sogra e obedecê-la em tudo.

Já não suportando mais a convivência, decidiu a jovem tomar uma atitude e foi visitar um velho sábio, entendido em ervas, que a ouviu e entregou-lhe um pacote de ervas, dizendo:

 - Você não poderá usá-las de uma só vez para se libertar de sua sogra, porque isso causaria suspeitas. Vou lhe dar várias ervas que irão lentamente envenenando-a. A cada dois dias, ponha um pouco destas ervas na comida dela. Agora, para ter certeza de que ninguém suspeitará de você quando ela morrer, tenha muito cuidado e aja com ela de forma amigável. Não discuta e trate-a o mais amorosamente possível, como se ela fosse a pessoa mais importante da vida para você. Siga minhas instruções e seu problema será resolvido.

Muito contente, a moça voltou apressada para casa para começar o projeto de assassinar a sua sogra.

Semanas se passaram e a cada dois dias, servia a comida "especialmente tratada" à sua sogra. Ela sempre lembrava do que o velho sábio havia recomendado sobre evitar suspeitas e assim, controlou o seu temperamento, obedeceu à sogra e tratou-a como se fosse sua própria mãe.

Depois de seis meses, a casa inteira estava com outro astral. A nora mudou o temperamento e quase nunca se aborrecia. Nesses seis meses não tinha tido nenhuma discussão com a sogra, que agora parecia muito mais amável e mais fácil de lidar.

As atitudes da sogra também mudaram e elas passaram a se tratar como mãe e filha. Finalmente, a jovem foi novamente procurar o velho homem para pedir-lhe ajuda:

- Senhor, por favor me ajude a evitar que o veneno mate minha sogra! Ela se transformou numa mulher agradável e eu a amo como se fosse minha mãe. Estou muito arrependida e não quero que ela morra por causa do veneno que eu lhe dei.

O velho sábio sorriu e acenou com a cabeça.

- Não precisa se preocupar. As ervas que eu dei eram vitaminas para melhorar a saúde dela .O veneno estava na sua mente e na sua atitude, mas foi jogado fora e substituído pelo amor que você passou a dar a ela.

Na China existe uma regra dourada que diz: "A pessoa que ama os outros também será amada."

 

sábado, 17 de novembro de 2012

Duelo de Chá

Certa vez, um mestre da cerimônia do chá, no antigo Japão, ofendeu acidentalmente um soldado, parecendo desdenhá-lo. Ao perceber que havia ofendido o outro, o mestre imediatamente pediu desculpas, mas o soldado, muito impetuoso e cheio de orgulho ferido, exigiu que a questão fosse resolvida em um duelo de espadas.
O mestre de chá, que não tinha absolutamente nenhuma experiência com espadas, pediu o conselho de um mestre Zen, que possuía tal habilidade.
Enquanto era servido de chá pelo amigo, o espadachim Zen não pôde evitar notar como o mestre de chá executava sua arte com perfeita concentração e tranquilidade.
"Amanhã," disse o mestre Zen, "quando você duelar com o soldado, segure sua arma sobre sua cabeça como se estivesse pronto para desferir um golpe, e encare-o com a mesma concentração e tranquilidade com que você executa a cerimônia do chá".
No dia seguinte, na exata hora e local escolhidos para o duelo, o mestre de chá seguiu o conselho do mestre Zen. O soldado, já pronto para atacar, olhou por muito tempo em silêncio para a face totalmente atenta porém suavemente calma do mestre de chá. E então, finalmente o soldado abaixou sua espada, desculpou-se por sua arrogância, e partiu sem desferir um único golpe no mestre de chá.