domingo, 24 de março de 2013

A Vida é um Espelho


Uma antiga lenda do Oriente conta que um jovem, certa vez, chegou a um pequeno povoado com disposição de estabelecer morada. Aproximou-se de um velho que apanhava água num oásis, à entrada do vilarejo, e perguntou:

- Por favor, diga-me: que tipo de pessoa vive neste lugar?

O velho, que era um dos sábios do lugar, respondeu:

- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde vens?

- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz. - Estou muito satisfeito por haver saído de lá!

E o velho disse:

- A mesma coisa haverás de encontrar por aqui.

E o jovem foi embora, à procura de outro local onde não houvesse egoístas e malvados.

Mais tarde, outro homem acercou-se do oásis para beber água e, vendo o ancião, perguntou:

- Este lugar parece ser pacato. Que tipo de pessoa vive aqui?

E o velho respondeu com a mesma pergunta:

- Que tipo de pessoa vive no lugar de onde vens?

O viajante respondeu: 

- Ah, lá de onde venho mora um grupo de pessoas amigas, honestas, unidas e hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.

- O mesmo encontrarás por aqui - respondeu o ancião.

Um homem que havia escutado os dois diálogos perguntou ao velho: 

- Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta? 

E o velho sábio respondeu:

- Cada um carrega no coração o meio em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares onde passou, lembrando-se apenas da face má das pessoas, não encontrará outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos, também os encontrará aqui, porque, na verdade, nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter o controle absoluto.

Portanto, tenha cuidado com a mente que critica. Veja o lado bom das pessoas. A vida é um espelho. Quanto mais olharmos o lado bom das coisas, mais coisas boas virão para nós. A sua atitude mental faz a diferença no ambiente.Troque seus pensamentos negativos por outros positivos, construtivos, amorosos. Pare de julgar. Faça a experiência e verá como o seu mundo vai mudar. 

terça-feira, 19 de março de 2013

As Flores Azuis

"A mais bela flor é aquela que desabrocha na diversidade."

(Provérbio chinês)

Este conto faz parte da tradição dos índios Comanches:

Dizem eles que, nos tempos perdidos de outrora, houve uma grande seca. As plantações morreram, os animais e os próprios índios começaram a morrer de sede e fome. Decidiram, então, cantar e dançar ao som dos seus tambores, num belo ritual que durou três dias, pedindo ao Grande Espírito da Chuva que salvasse sua gente.

Havia na tribo uma menina que se chamava Aquela-Que-Está-Só. Sentadinha, ela simplesmente observava o ritual, com sua boneca no colo, feita de palha. Sua boneca era uma boneca guerreira: os olhos, nariz e boca foram pintados com suco de raízes; colares de sementes a enfeitavam; um cinto de osso polido a amarrava; na cabeça, ostentava plumas azuis brilhantes.

Aquela-Que-Está-Só conversava com sua boneca:

"Agora, o feiticeiro irá até o cume da montanha, para escutar as palavras do Grande Espírito. Então, saberemos o que fazer para que voltem as chuvas, que darão vida à terra".

E a menina se lembrava da sua mãe, que ajudou-a a fazer sua boneca, e do seu pai, que havia trazido as penas azuis, e dos seus avós, que nunca conheceu. Seus pais morreram jovens e ela era cuidada por outros membros da tribo. A boneca guerreira foi a única que sobrou como lembrança deles.

Finalmente, quando o sol se punha no horizonte, o feiticeiro voltou e reuniu a tribo em círculo. Disse ele:

"Ouvi as palavras do Grande Espírito! Eles diz que as pessoas tornaram-se egoístas; tomam tudo da terra e nada dão em troca; deve haver sacrifício. Devemos queimar, em oferenda, o objeto mais valioso que pudermos encontrar e depois espalharmos as cinzas aos quatro ventos da terra. Depois de realizarmos este sacrifício, terminará a seca e a fome e a vida retornará à terra, renovando-a, para o bem de todos!"

O povo agradeceu e começou imediatamente a especular que objeto seria este a ser doado. Ninguém queria ofertar seus objetos de estimação, cada um com seus motivos.

Aquela-Que-Está-Só, ao ouvir a mensagem do Grande Espírito, disse à sua boneca:

"Tu és o objeto mais valioso que possuo. Estou certa de que o Grande Espírito vai te aceitar".

Assim, depois que todos dormiram, a menina foi até a fogueira, pegou um pedaço de madeira ainda ardente e seguiu silenciosamente, com sua boneca guerreira, até o cume da montanha onde o Grande Espírito falara ao feiticeiro. O céu estava pleno de estrelas. A menina falou:

"Ó Grande Espírito, aqui está minha boneca guerreira. Ela é tudo o que me resta da minha família que morreu. Por favor aceite este bem, o mais valioso que eu tenho".

Juntou alguns galhinhos secos e, com o pedaço de madeira em brasa, fez uma fogueira. Enquanto olhava o fogo crepitando, lembrou-se dos seus pais, dos seus avós, de todo o seu povo, seu sofrimento e sua fome. Lançou sua boneca no centro da fogueira, esperou que o fogo apagasse e as cinzas esfriassem para, em seguida, lançá-las aos quatro ventos: Norte, Sul, Leste e Oeste. Feito o ritual, Aquela-Que-Está-Só dormiu ali mesmo, até que os raios de sol da manhã a despertaram.

Foi aí que a menina viu o chão coberto de flores azuis, nos lugares onde jogou as cinzas. O azul era o mesmo das plumas da sua boneca. 

Toda a tribo correu até o local, para admirar a maravilhosa vista. E não houve dúvida de que as flores eram um sinal do Grande Espírito, que havia concedido o seu perdão. 

Enquanto todos começavam a cantar e dançar em agradecimento, uma fina chuva começou a cair do céu, transformando e vivificando o campo.

Desde esse dia, a menina ficou sendo conhecida como Aquela-Que-Ternamente-Amava-Seu-Povo. E, a cada primavera, o Grande Espírito lembra o sacrifício da criança e rega a terra daquela região, fazendo brotar de novo as belíssimas flores azuis.

sexta-feira, 8 de março de 2013

O Monge e o Boi


Conta a tradição budista que uma vez, em certo vilarejo, apareceu um monge, montado num boi. Os habitantes da vila perguntaram para onde ele estava indo e ele respondeu: “Estou em busca de um boi”. As pessoas se entreolharam, intrigadas, e em seguida começaram a rir do homem, que se foi.

No dia seguinte, o mesmo monge volta ao vilarejo, ainda montado no boi. Novamente as pessoas indagaram sobre o que ele buscava. "Procuro um boi", foi a resposta, que mais uma vez desencadeou o riso de todos. E o monge se foi.

No terceiro dia a mesma cena se repetiu. Só que ninguém achava mais graça na piada e decidiram inquirir o homem com mais veemência, dizendo: “O que você pensa que está fazendo? Você é um monge, supostamente um homem sábio, e todos os dias passa por aqui à procura de um boi quando você está sentado nele o tempo todo! O que significa isto?”

Calmamente, o monge explicou: “Apenas quero mostrar que também é assim a sua procura de Deus. Saímos em busca de algo que está conosco o tempo todo, sem que nos demos conta... Sempre pensamos que a nossa realização está noutro lugar e não aqui... e mergulhamos numa busca inútil quando, se olhássemos com um pouco mais de atenção, boa vontade e lucidez para aquilo que já temos, descobriríamos que o ‘boi’ que tanto procurávamos estava nos carregando todo o tempo”...

segunda-feira, 4 de março de 2013

Julgar Pelas Aparências


Num certo orfanato, igual a tantos outros, vivia uma pobre órfã de apenas oito anos de idade. Por ser uma criança sem muitos encantos, era hostilizada pelas outras e até pelos professores, o que tornava-a cada vez mais triste e isolada, sem ninguém para brincar com ela, ninguém para conversar, sem carinho e sem afeto. 
O diretor do orfanato, que procurava uma oportunidade para livrar-se dela, achou que havia encontrado o momento quando a companheira de quarto da menina informou-o de que a criança estava mantendo correspondência com alguém de fora do orfanato, violando, assim, uma das normas da instituição.

- Agora mesmo - disse a informante -, ela escondeu um papel numa árvore.

O diretor e seu assistente decidiram tirar a situação a limpo na mesma hora, correndo ao local da árvore. De fato, lá estava um papel delicadamente colocado entre os ramos. Ansiosamente, o diretor desdobrou o papel, esperando encontrar ali a prova de que necessitava para livrar-se daquela criança tão desagradável aos seus olhos.

No entanto, para sua surpresa e remorso, encontrou a seguinte mensagem no pedacinho de papel um tanto amassado:

"A qualquer pessoa que encontrar este papel: eu gosto de você!"

Os dois homens, com uma dor na consciência, perceberam, naquele momento, que a menina da qual queriam se livrar possuía uma bondade tão grande na alma, a ponto de externar sentimentos positivos mesmo numa situação de total isolamento e solidão! Isto fez com que percebessem o quanto eles próprios eram cruéis e insensíveis.

Assim fazemos todos os dias, sem nem percebermos! Julgando as pessoas pelas aparências, mesmo sabendo como são enganadoras.

Uma antiga e sábia oração dos índios Siuox roga a Deus o auxílio para nunca julgar o próximo antes de ter andado sete dias com as suas sandálias. Isto significa que, antes de criticar, julgar e condenar uma pessoa, devemos nos colocar no seu lugar e entender os seus sentimentos mais profundos.