quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Coruja ou Falcão?

Ao observar que uma coruja havia escolhido a janela do seu quarto para pousar, o piedoso homem começou a observá-la. Viu que ela quase não se movia e parecia decidida a se estabelecer ali. 

O homem começou a se sentir incomodado com aquela presença, que o distraía de suas orações. Decidiu enxotá-la e foi então que notou: era uma coruja velha e cega. Desistiu de enxotá-la e, logo depois, percebeu que um falcão se aproximava com insetos no bico, para alimentá-la, como se faz com filhotes.

Maravilhado, louvou o Senhor e sentiu um enorme conforto ao constatar como é imensa a providência divina, ao colocar um falcão para cuidar daquela coruja que, sozinha, morreria de fome. Pensou: "Se Deus cuida até de uma simples coruja, quanto mais de nós?"
Refletiu e tomou a decisão de desfazer-se de tudo o que tinha e colocar-se inteiramente aos cuidados de Deus. Assim fez e passou a mendigar na porta da mesma igreja que frequentava. Entretanto, era ignorado pelas pessoas, que o tinham conhecido como um comerciante próspero. Todos achavam que ele estava blefando ou havia perdido o juízo.

Muito triste, ele procurou o pároco daquela igreja, revelando-lhe a sua desolação. O padre perguntou-lhe:

– Você acha que foi Deus quem lhe pediu para viver como mendigo?
– Sim, Ele colocou a coruja no meu caminho para me mostrar que sempre cuida de quem precisa, que nada precisamos temer!

Olhando para os olhos do desolado homem com muita compaixão, o padre disse:

– Às vezes nós pensamos que Deus nos chama a ser corujas, quando Ele quer que sejamos falcões... 
Se você compreender o seu papel como falcão, Deus irá conduzi-lo precisamente ao lugar onde há uma coruja precisando de alimento.