sexta-feira, 24 de maio de 2013

Por Que Palavras?

Um monge aproximou-se de seu mestre - que se encontrava em meditação no pátio do Templo à luz da lua - com uma grande dúvida:

"Mestre, aprendi que confiar nas palavras é ilusório; e diante das palavras, o verdadeiro sentido surge através do silêncio. Mas vejo que os Sutras e as recitações são feitas de palavras; que o ensinamento é transmitido pela voz. Se o Dharma está além dos termos, porque os termos são usados para defini-lo?"

O velho sábio respondeu:

"As palavras são como um dedo apontando para a lua; cuida de saber olhar para a Lua; não te preocupes com o dedo que a aponta".

O monge replicou: 

"Mas eu não poderia olhar a lua sem precisar que algum dedo alheio a indique?"

Explicou o mestre:

"Poderia, e assim tu o farás, pois ninguém mais pode olhar a lua por ti. As palavras são como bolhas de sabão: frágeis e inconsistentes, desaparecem quando em contato prolongado com o ar. A lua está e sempre esteve à vista. O Dharma é eterno e completamente revelado. As palavras não podem revelar o que já está revelado desde o Primeiro Princípio".

Perguntou ainda o monge:

"Então, por que os homens precisam que lhes seja revelado o que já é de seu conhecimento?"

Completou o sábio:

"Porque da mesma forma que ver a lua todas as noites faz com que os homens se esqueçam dela pelo simples costume de aceitar sua existência como fato consumado, assim também os homens não confiam na Verdade já revelada pelo simples fato de ela se manifestar em todas as coisas, sem distinção. Dessa forma, as palavras são um subterfúgio, um adorno para embelezar e atrair nossa atenção. E como qualquer adorno, pode ser valorizado mais do que é necessário".

O mestre ficou em silêncio durante muito tempo. Então, de súbito, simplesmente apontou para a lua.

(Tam Hyuen Van)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Amor é Como a Flor



Havia uma jovem que muito bem sucedida na vida: ela tinha um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que lhe rendia um bom salário e uma família unida. O problema é que ela não conseguia conciliar tudo, porque o trabalho e os afazeres  ocupavam quase todo o seu tempo e ela estava sempre em débito em alguma área. Se o trabalho a consumia, então ela deixava de cuidar dos filhos; se surgiam imprevistos, ela deixava de lado o marido...

Assim, as pessoas que ela amava eram deixadas para depois até que um dia, seu pai, que era um homem muito sábio, foi visitá-la e levou um presente para ela: uma flor muito rara, da qual só havia um exemplar em todo o mundo. O pai entregou-lhe o vaso com a flor e disse: 

- Filha, esta flor vai ajudá-la muito mais do que imagina! Você terá apenas que regá-la e podá-la de vez em quando, e, às vezes, conversar um pouquinho com ela. Se assim fizer, ela enfeitará sua casa e lhe dará em troca esta beleza e este perfume maravilhoso. 

A jovem ficou muito emocionada, afinal a flor era de uma beleza sem igual.

Mas o tempo foi passando e o trabalho continuava consumindo todo o seu tempo, e a sua vida, que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor. Ela chegava em casa, e as flores ainda estavam lá, não mostravam sinal de fraqueza ou morte, apenas estavam lá, lindas, perfumadas. Então ela passava direto.

Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Ela chegou em casa e levou um susto! A planta, antes exuberante, estava completamente morta, suas raízes estavam ressecadas, suas flores murchas e as folhas amareladas. A jovem chorou muito, e contou ao pai o que havia acontecido. Seu pai então respondeu: 

- Eu já imaginava que isto aconteceria, e, infelizmente, não posso lhe dar outra flor, porque não existe outra igual a esta. Ela era única, assim como seus filhos, seu marido e sua família. Todos são bênçãos que o senhor lhe deu, mas você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor sempre lá, sempre viçosa, sempre perfumada, e se esqueceu de cuidar dela. Nós precisamos cuidar daquilo que amamos! 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Amarre Seu Camelo

Um sábio mestre viajava com um de seus discípulos. Este, tinha como tarefa cuidar do camelo que os transportava. 

Porém, certa noite, o discípulo, muito cansado, fez uma prece pedindo a Deus que cuidasse do animal e adormeceu sem amarrá-lo. 

Ao amanhecer, o mestre perguntou-lhe sobre o paradeiro do camelo, que havia desaparecido. E o discípulo respondeu que havia delegado a guarda do animal a Deus, concluindo:

- Eu apenas segui suas orientações... Não devemos confiar em Deus?

E o mestre disse:

- Confie em Deus, mas amarre seu camelo. Deus não tem outras mãos além das suas.