quarta-feira, 15 de setembro de 2021

A Mentira e a Verdade

Certa vez, a Mentira e a Verdade se encontraram. A Mentira, dirigindo-se à Verdade, disse-lhe: “Bom dia, dona Verdade”!

Zelosa de seu caráter, a Verdade, ouvindo tal saudação, foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, sem nuvens de chuva. Os pássaros cantavam. Não havia cheiro de fumaça na mata. Tudo parecia perfeito. Tendo se assegurado de que realmente era um bom dia, respondeu:

“Bom dia, dona Mentira”!

“Está muito calor hoje não é mesmo”? - perguntou a dona Mentira.

Realmente estava quente demais. Desse modo, vendo que a Mentira estava sendo sincera, a Verdade começou a relaxar, a baixar a guarda. Por qual razão haveria de desconfiar, se a dona Mentira parecia tão cordial e “verdadeira”?

Diante do calor insuportável, a Mentira, em um gesto de amizade, convidou a Verdade para juntas banharem-se no rio. Como não havia mais ninguém por perto, despiu-se de suas vestes, pulou na água e insistiu: “Vem, dona Verdade, a água está uma delícia, simplesmente maravilhosa”!

O convite parecia irrecusável. Assim sendo, dona Verdade, sem duvidar da Mentira, despiu-se de suas vestes, pulou na água e deu um bom mergulho.

Ao ver que a Verdade havia saltado na água, rapidamente a Mentira saltou para fora, vestiu-se depressa com as vestes da Verdade – que estavam à margem – e foi embora, sorrateira.

Tendo suas roupas furtadas, a Verdade sai da água e, ciosa de sua reputação, recusou-se a vestir as roupas da Mentira, deixadas para trás.

Certa de sua pureza e inocência, nada tendo do que se envergonhar, não tendo opção, saiu nua pelo mundo.

É por isso que ainda hoje as pessoas preferem aceitar a mentira disfarçada de verdade, e não a verdade nua e crua.

(Autor desconhecido)