segunda-feira, 4 de junho de 2012

Os Cegos e o Elefante


Numa época que se perdeu no tempo, havia uma pequena cidade onde todos os que ali viviam eram cegos. Certo dia surgiu um rei com seu séquito. Trazia seu exército e acampou fora da cidade, no deserto. Viera com eles um elefante de grande porte, usado pelo rei para atacar e para intensificar o temor do povo.
As pessoas do lugar estavam ansiosas para ver o elefante, e alguns cegos se precipitaram como loucos procurando encontrá-lo. Assim que o acharam, começaram a tateá-lo. Cada um pensou saber algo sobre o animal, porquanto podia tocar uma parte dele.
Quando retornaram para junto de seus companheiros, estes logo formaram grupinhos a seu redor, ávidos de esclarecimentos. Todos queriam conhecer a verdade dos lábios daqueles que tocaram o elefante. Perguntaram sobre a forma e aspecto do animal, escutando com interesse tudo o que lhes era dito.
O homem a quem coubera tocar a orelha do elefante foi indagado sobre a natureza particular do animal. E ele informou:
– É uma coisa grande, rugosa, larga e grossa como um tapete felpudo.
Aquele que apalpara a tromba disse:
– Eu conheço a realidade dos fatos, trata-se de um tubo reto e oco, horrível e destruidor.
Um outro, que tocara as patas do animal, declarou:
– É algo poderoso e firme como uma pilastra.

Cada um tinha conhecido e tocado apenas uma parte das muitas do animal. E cada um o percebera erroneamente. Ninguém conhecia o todo, já que o conhecimento não faz companhia aos cegos. Todos tinham imaginado algo, mas algo equivocado.
A criatura humana não está informada acerca da divindade. Para tal ciência o intelecto comum não oferece nenhum caminho.
Somos todos cegos quanto a perceber a totalidade das coisas. Vemos tudo em segmentos e, por estes segmentos, nos julgamos conhecedores do todo.

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