Segundo a tradição budista, esta história ocorreu na China, no século VII.
O abade de um grande
mosteiro pediu a seus monges que fizessem um poema onde pudessem espelhar a doutrina de Buda. O monge mais antigo, querido e respeitado por todos, assim se expressou:
“O corpo é a árvore Bodhi*,
A mente é como um espelho brilhante
Cuide para mantê-la sempre limpa
Não permitindo que o pó se assente.”
Outro monge simples e quase analfabeto, pediu a um colega letrado para escrever o seu poema:
“O corpo não é a árvore Bodhi
A mente não é como um espelho brilhante
Se não há nada desde o princípio
Onde o pó se assenta?”
O aprofundamento que sugere o poema do iletrado monge reflete a essência dos ensinamentos do Sexto Ancestral da China, o Venerável Mestre Hui-neng e do Zen.
A prática da meditação do Zazen não é para polir o espírito, não é para limpar a mente, não é para esvaziar nada. É tornar-se uno com nossa essência verdadeira, com aquele Eu imenso que contem todos os sentimentos, emoções, percepções, formações mentais, consciência e a forma física.
Retornar à verdade e ao caminho é retornar à vida. Assim falamos em renascer. Deixar morrer idéias abstratas e fantasiosas sobre estar separado do tudo e dos outros e perceber a sabedoria suprema presente em todos os seres, vivenciá-la, tornar-se uno com todos os Budas e Ancestrais do Darma.
Basta perceber que nada é fixo, nada é permanente – isto é o vazio. A mente vazia é aberta e flexível. Chora e ri. Pensa e não pensa. Não precisa ser esvaziada – já é vazia. Sendo vazia é clara e iluminada, em constante atividade e transformação.
Apenas escolha com o que alimentá-la. Você mesma(o) é o programa e o programador, o computador e seus acessórios. Cuide-se bem.
(Recebi tendo como autora a Monja Coen)
*Bodhi = estado desperto, iluminação.
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