Este belo conto nos faz indagar a nós mesmos: "O que é verdadeiramente valioso para mim?" "Será que estou me importando com as coisas essenciais ou estou simplesmente gastando minha energia com coisas supérfluas e sem profundidade?"
E aí, vem a pergunta mais inquietante: "Será que cumpriremos nossa missão aqui na Terra?"
Cumpriremos sim, se mudarmos nosso foco para o que realmente tem valor.
Era uma vez um jovem que foi chamado pelo rei para realizar uma tarefa: levar uma mensagem e alguns diamantes a um outro rei de uma terra
distante. O jovem recebeu o melhor cavalo do reino para levá-lo na jornada.
Antes de partir, ouviu do rei a recomendação:
- Cuida do mais importante e cumprirás a
missão!
O rapaz preparou o seu alforje,
escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro
amarrada a cintura, sob suas vestes. Subiu no cavalo e partiu de madrugada, determinado a não falhar em sua empreitada. Estava disposto a mostrar ao rei que ele era um cavaleiro nobre
e valente, pronto para desposar a princesa. Aliás, esse era o seu sonho e
parecia que a princesa correspondia às suas esperanças.
Para acelerar sua tarefa, ele muitas vezes saía da estrada e pegava atalhos tortuosos e íngremes, que
sacrificavam sua montaria e obrigavam o animal a dar o máximo de si. Quando
parava em alguma estalagem para descansar, deixava o cavalo ao relento, não lhe aliviava da sela
e nem da carga, tampouco se preocupava em dar-lhe de beber ou comer.
- Assim, meu jovem, acabarás perdendo o
animal - disse alguém.
- Não me importo - respondeu ele. - Tenho
dinheiro. Se este morrer, compro outro. Nenhuma falta fará!
Com o passar dos dias e sob tamanho
esforço, o pobre animal, não suportando mais os maus-tratos, caiu morto na
estrada. O jovem simplesmente o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé. Acontece
que nessa parte do reino havia poucas fazendas e eram muito distantes umas das
outras. Passadas algumas horas, ele se deu conta da falta que lhe fazia o
animal. Estava exausto e sedento. Já havia deixado pelo caminho toda a tralha,
com exceção das pedras, pois lembrava da recomendação do rei: "Cuide do mais importante!"
Seu passo se tornou curto e lento. As
paradas, frequentes e longas. Como sabia que poderia cair a qualquer momento e
temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde,
caiu exausto no pé da estrada, onde ficou desacordado. Para sua sorte, uma
caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, encontrou-o e cuidou
dele.
Ao recobrar os sentidos, encontrou-se de
volta em sua cidade. Imediatamente foi ter com o rei para contar o que havia
acontecido e, com a maior desfaçatez, colocou toda a culpa do insucesso nas
costas do cavalo "fraco e doente" que recebera.
- Porém, majestade, cuidei do mais importante, da forma como me recomendastes, e aqui devolvo as pedras que
me confiastes. Não perdi uma sequer.
O rei as recebeu de suas mãos com
tristeza e o despediu, mostrando completa frieza diante de seus argumentos.
Abatido, o jovem deixou o palácio. Em casa, ao tirar a roupa suja,
encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia:
"Ao meu irmão, rei da terra do
Norte. O jovem que te envio é candidato a casar com minha filha. Esta jornada é
uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse
do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifique o estado do
cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem aprecia a fidelidade
e força de quem o auxilia na jornada. Se porém, perder o animal e apenas
guardar as pedras, não será um bom marido nem rei, pois terá olhos apenas para
o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o
servem".
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