Um dia Mejda estava falando com um colega de aula. Ele
sempre estava tentando despertar nos outros o mesmo entusiasmo que sentia por
Deus.
Seu amigo estava claramente interessado, mas cético.
Mejda estava afirmando que Deus poderia aparecer a qualquer um que fosse
suficientemente sincero e persistente.
O amigo queria participar da fé de Mejda e, assim,
concordou em parte com ele: “Bom, talvez em um futuro distante – ou na próxima
encarnação –, eu tenha a capacidade de entender a verdade da qual você fala”.
“Por que falar do futuro? Por que não O achar agora?”,
Mejda insistiu. “Se um devoto pede de todo o coração: ‘Senhor Deus, o Senhor precisa vir
a mim’, Ele por certo aparecerá.
Quando a prece do devoto irradia um desejo sincero do seu
coração até cada átomo do universo, onde poderá Deus se esconder? Ele terá de
Se revelar.”
A fé de Mejda era contagiosa. Ele viu suas fagulhas
acendendo uma chama na mente de seu amigo também. E assim continuou: “Se nesta
mesma noite nós tentarmos sinceramente ver Deus como o Senhor Krishna, Ele
aparecerá nessa forma”.
A perspectiva de ver Krishna naquela mesma noite, para o
colega de Mejda, subitamente parecia não somente possível, mas emocionantemente
provável. Os dois combinaram de se encontrar na casa de Mejda naquela noite.
Eles meditariam até que Krishna aparecesse.
As sombras da noite que se aproximava cobriam a terra
quando os dois amigos decididos entraram no quarto de meditação de Mejda.
Eles trancaram a porta por dentro, sentaram-se em posição
de lótus sobre kusha de chão para asanas (pequenos tapetes
para meditar) e, com entusiasmo divino, começaram a cantar, rezar e meditar.
Os rapazes que meditavam foram envolvidos por uma paz
transcendental.
A face de Mejda irradiava um brilho intenso enquanto ele
cantava hinos e preces para o Senhor Krishna.
Nos momentos de quietude, esses ardentes devotos
praticavam meditação com pranayama.Seus corpos e mentes ficaram imóveis
enquanto, paciente e persistentemente, eles ofereciam preces interiores ao
Bhagavan.
Pelo seu fervor, o quarto escuro se tornou divinamente
iluminado; a alegria impregnava a expectativa deles. Enquanto o resto da cidade
dormia, os jovens continuavam despertos pelo desejo espiritual.
Por toda a noite, os dois ansiosos corações fundiram-se
em um só, em íntimos cantos e orações de amor ao Senhor.
Mas, quando a manhã chegou, o companheiro de Mejda
começou a sentir cansaço e dúvida: “Mukunda, talvez nós tenhamos nos enganado.
Deus não vem com tanta facilidade”.
“Não devemos desistir. Concentre-se mais profundamente.
Ele responderá ao clamor das nossas almas”, disse Mejda.
Depois de mais um período de esforços renovados, seu
amigo suspirou com desânimo:
“Não há esperança, Mukunda. Está quase
amanhecendo. Vamos ver se dormimos um pouco”.
“Vai você se quiser; eu não vou desistir”, respondeu
Mejda com firmeza. “Mesmo que morra sentado aqui, não vou me mexer até que Deus
venha.”
De repente, Mejda engoliu a respiração. Seu corpo ficou
rígido sob o êxtase da visão. Sua face brilhou com um sorriso de encantadora
doçura. Ele bradou: “Eu O vejo! Eu vejo Krishna!”
Para o amigo de Mejda, faltava visão espiritual, bem como
determinação. “Onde está Ele, Mukunda? Não consigo vê-Lo.”
Mejda estendeu a mão e a colocou sobre o coração do seu
cético amigo. O toque magnético de Mejda transferiu a visão beatífica. “Oh! Eu
vejo Krishna. Eu agora O vejo, Mukunda!”
Lágrimas rolaram dos olhos deles. Com humildade, os dois
garotos se inclinaram diante do Bhagavan.
“Amado Krishna”, Mejda suplicou, “a humanidade sofredora
não mais ouve a doce melodia de sua flauta, tocada nas margens do rio Jamuna.
Sua melodia encantadora, de amor divino, envolvia a todos: pássaros, animais e
humanos. Por favor, toque sua música celestial nos corações dos
seres humanos mais uma vez, para que eles possam ver a luz da salvação. Abençoe
minha sadhana! Aceite minha devoção! Eu vos reverencio!”
Bhagavan Krishna sorriu e ergueu as mãos em bênção; em
seguida desapareceu nos raios do sol nascente.
(Esta história foi contada por Sri Sananda Lal Ghosh, irmão mais novo de Paramahansa Yogananda, que o chamava de Mejda quando ele ainda era uma criança. Trecho do livro Mejda, da Self Realization Fellowship)
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